O @ que eu gosto

Te espero na Burger King da Dezessete de Agosto, lendo um livro qualquer enquanto penso na tua pele. No teu toque e no toque da tua pele. Chega. Te pago um sanduíche e conversamos como anda a vida, a sua vida. Entre uma mordida e outra me contas sobre seus novos planos e as realizações de planos antigos. Meus olhos brilham em atenção enquanto foco no movimentos dos teus lábios. Aqueles de quem um dia os meus ficavam tão próximos.

Me contas, entretanto, que alguns planos não saíram como você esperava, mas que você está feliz assim. Que a sua vida está muito boa. Que talvez não role o intercâmbio, mas que encontrou um novo alguém que te faz muito feliz. Talvez mais feliz do que eu fui capaz de fazer (suponho). Que comprou o sofá cama e a TV para a sala. Muito mais confortável para maratonar as suas séries, não é mesmo? Mas aí me contas que agora não tens mais tanto tempo assim para maratonar todas as séries que tu queria, que teus dias estão corridos demais. Talvez você até já tenha começado a dar aula e sei que está sendo um professor maravilhoso. Só escuto e te admiro, feliz em estar novamente olhando o homem que valorizo.

Queria te chamar para o cinema ali do lado, no nosso tempo era o meu rolê preferido para uma tarde contigo. Na verdade, qualquer caminho contigo era o meu preferido. Estar ao teu lado era o ápice da minha felicidade. Me seguro para não segurar a tua mão, te sentir uma última vez.

Falo pouco, até porque pouca coisa mudou na minha vida. Algumas mudanças ali, um pouco de autoestima aqui. Alguns planos. Algumas crises de choro e ansiedade. 2018 foi um ano difícil para todos. Mas te contar todas aquelas coisas me fazem um bem danado, sinto que poderia ficar ali conversando contigo por mais alguns anos. Ou só ficar em silêncio sentindo o cheiro do teu perfume quando bate o vento, tendo a sua presença ali tão perto.

Nos despedimos, tens que ir para o curso de inglês. Eu te abraço e me demoro, te desejo sorte. Me demoro. Queria ficar ali para sempre, mas me afasto. Nos afastamos. Quem sabe por quantos anos. Será que para sempre?

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