Três Verdades

Os últimos meses não têm sido fáceis, nem um pouco. Bem difíceis, na verdade. Vários talvez estejam dizendo que ele se arrepende porque foi descoberto. Muitos devem estar dizendo que “ex não muda” e que acreditar nisso é loucura. Poucos podem dizer que um erro não define ninguém nem o futuro de ninguém. Que daqui a poucos anos ou meses ninguém mais vai lembrar-se de nada.

Eu lembro. Ele, principalmente, lembra.

Nesses últimos quase três meses andei pensando muito sobre a vida, sobre decisões e sobre atitudes. Sobre fatos e sobre interpretação dos fatos. Dia desse eu estava passeando no twitter quando uma frase me fez refletir por muitos dias. Ela dizia “um fato sempre possui três lados: a minha verdade, a sua verdade e o fato em si”. Pouco antes disso havia acontecido uma situação onde se discutiam os erros com um antigo namorado e a seguinte conversa veio a tona: “mas o que eu fiz não foi traição. Eu nunca te traí”; “para mim foi!”.

O objetivo não é discutir o conceito de traição, mas entender como o mesmo fato pode ser interpretado de diferentes formas. Para um, uma exposição desnecessária, sim. Um erro, sim. Traição, não. Para o outro, traição sim. E fim. Mesmo que sem nenhum objetivo ou desejo sensual ou sexual. Por mais que coloquemos em cima da mesa fatos e justificativas, os conceitos pessoais justificam atitudes e afastam pessoas que se amam. Criam duas verdades sobre um terceiro fator, o fato em si. Separam os caminhos por orgulho ou rancor, por vergonha.

Separam dois corpos que se completam. Que juntos formam um só corpo tão forte. Só com conversa às vezes não se resolve. Uma, duas, três conversas depois. Um, dois, três pedidos de “volta para mim” depois. Uma, duas, três crises de choro depois. Quando você vai voltar? A falta. A dor. A solidão. O beijo. Já disse o quanto te quero de volta. Te quero por inteiro. O perdão pode vir com o tempo, ou pode nunca vir, mas o autor do erro sempre será pintado dependendo do círculo ou do lado onde ele transita. E para muitos ele vai ser daqui para frente um demônio definido pelo seu erro. E a partir do momento que ele percebe que não pode fazer muita coisa a respeito, que já assumiu o erro quando preciso, ele segue. Quando ele percebe que quem o define é ele e apenas ele, ele segue. Espera a volta do outro, espera agarrado no amor que ainda resiste. Até quando? Fraqueja, bambeia, tropeça. Não diminui, mas até quando? Esperando.

Até quando?








Nenhum comentário:

Postar um comentário

MAIS RECENTE

White Noise

A vida inteira eu tento me encaixar por todos os lugares onde me vejo obrigado a estar. No início a escola, cursos extra curriculares, curso...