Odeio te ter como porto seguro.
Odeio ter jogado em você minha âncora.
Maldita âncora. Maldita hora.
Recolho-me para fuga, desisto a vista do mar revolto.
Agitado. Me amedronto.
Odeio ter em você meu porto.
Seguro inseguro as suas mãos.
Me soltas.
Me deixas à vontade de um mar de ondas fortes que me jogam contra a vida que eu nunca quis ter.
Me olhas dançando n’água. Me perguntas o que faço. Nado.
Nado sem rumo e rumo ao teu lindo semblante.
Nem puro nem sujo.
Tão lindo.
Tão perto que sinto tua respiração quente.
Tão distante que não diferencio indiferença ou desejo.
Me pega, por favor, estende a tua mão e me pega.
Me salva desse mar revolto infestado de sentimentos ruins, lotado de desprezo.
Me salva dos meus próprios medos. Anseios.
Acende a tua luz na minha escuridão.
Me pega. Me salva. Me acolhe. Me atraca.

Caro Anônimo,


Continuo aqui. Firme e forte. Talvez não tão firme, talvez não tão forte. Mas continuo. Talvez um pouco mais forte. Queria te agradecer pelo comentário antes. Foi inesperado. Foi uma surpresa boa. Sempre achei que ninguém leria uns pensamentos tão inseguros. Acho que me enganei.

Sabe Anônimo,
Queria te agradecer por me entender e não julgar. É bem isso mesmo e um pouco mais. Talvez a insegurança venha para que não abuse da beleza que falam que tenho. Talvez seja um equilíbrio maluco qualquer. Mas sim, sou inseguro. Sou insatisfeito com meu curso. E sim, segunda graduação está totalmente nos meus planos. Assim como está nos meus planos mudar. Mudar e ser mais seguro, mais confiante. Mais feliz. Preciso aprender a depender menos das pessoas para ser feliz. Para qualquer coisa. Tenho medo de ser sozinho. Entretanto, sei, lá no fundo, que o sou. Sozinho.

Sabe,
Aprendi na vida que distância é questão de ponto de vista e não localização geográfica. Estou tão distante de pessoas que moram aqui em Recife. Estou tão próximo de pessoas que moram em São Paulo, por exemplo. Tão próximo que dói a distância. Tão próximo que a distância não abala a amizade. Além do mais, existem aviões, carros e a internet. Ah, a internet.

Te peço uma coisa, Anônimo: identifique-se. E ai a gente pode conversar.

Abraço,
Thiago.

Linhas Tortas*


Já não sinto mais ciúmes como antes.
Já não choro tanto quanto antes.
Assumo que sou teu.
Minto que és minha.
Invento um relacionamento aberto.
Avisa a eles que a permissão é temporária,
Apenas o tempo que permitires contato.
Apenas o tempo que te esqueces
De mim.
De mim, o afeto, o afago, o abraço.
O amargo.
Amargo gosto do ciúme que engulo.
Aquele mesmo ciúme que não sentia mais.
Amargo tom de voz galante e bochechas rubras.
Minha culpa.
Minha angústia.
Minha flor.
Meu Judas.

*Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência.

Desejo.


Vou mudar.
Um dia eu mudo.
Mudo de casa. Mudo de lado.
Mudo de vida.
Mudo.
Mudo tudo que me incomoda.
Mudo tudo que me assola.
Mudo tudo que me assombra.
Mudo por mim.
Vou ser mais confiante e não este ser pequeno e frágil. Quebrável.
Monto-me em barro. Em vaso. Vaso ruim.
Vou ser mais seguro de mim. Mais corajoso, tão corajoso que enfrente os sete mares a nado.
Talvez a vida melhore.
Talvez continue no mesmo lugar.
Mas mudo para tentar mudar.

Confidencial.

Me nota.
Me toca.
Talvez.
Me chama.
Me ama.
Se importa.
Se solta.
Por que não?
Não pensa.
Só tenta.

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