Decomposição

Tem um cheiro podre, sabia? Um cheio de inveja, egoísmo, luxúria, pecado. Tudo junto num único planeta sem distinção de continente, país, idade ou raça. Tem um cheiro de hipocrisia a sociedade dos homens, sabe. Um cheiro incômodo com o qual não condigo me acostumar, um cheiro que chega até mim, mas não fica nem é produzido aqui. Sorrisos de comercial de pasta de dente vendendo confiança no grau de brancura dos ossos. Dentes são ossos. Brancura não passa confiança. A sua beleza não me engana, você quer a minha cabeça servida numa bandeja banhada com todo o meu sangue sofrido, que lutou por mim e para mim. Que me mantinha vivo, alerta contra todos os seus planos. Porque eu sabia todos os seus podres, eu sentia o cheiro de merda que emanava de você. Chegava a imaginar moscas rondando a sua cabeça como urubu na carne podre, morta. Ferido já fui pela sua língua que lança sobre mim mentiras como facas afiadas das quais tento desviar-me. Mas faltei nas aulas na Matrix e não consigo me desviar de todas elas. Agora cansei. Cansei de feridas que não se curam, cansei de ter a confiança traída e vesti a minha armadura contra você, estou protegido. Não acredito em nada que me dizes, mesmo que um dia resolvas dizer a verdade. Desculpe-me se estou sendo injusto, mas só cansei de sofrer por você, humano.

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