Sou tímido

Sou tímido. Isso não é novidade para ninguém. Me arrependo mais das coisas que NÃO fiz do que das coisas que fiz, até porque não fiz mais do que fiz alguma coisa. Sou tímido e não doente. Timidez não é doença, timidez é uma condição de medo que se apossa das pessoas. Temos (os tímidos) medo de errar, medo de falar bobagem, medo que os outros riam de nós e não conosco, medo de rejeição, medo de fazer o que deseja por medo de sermos reprovados, medo. Tanto medo que preferimos não fazer nada. Medo do que os outros vão pensar, principalmente. Para um tímido, falar em público é a pior tortura que se pode dar a ele, mas mesmo assim, ainda somos tímidos.

Não temos problemas mentais, não precisa nos tratar como crianças de cinco anos de idade. Temos desejos, vontades, gostos, opiniões próprias mesmo que não há demos com frenquência. Comemos, bebemos e temos vontade de sair à noite, compartilhar momentos felizes com amigos, namorar. Somos pessoas normais, como você e qualquer um que leia esse texto, mas somos tímidos. Não porque gostamos, mas porque simplesmente somos. É difícil lidar com isso algumas várias vezes, mas se torna um fator mais forte que nós mesmos.

Quando você encontrar um tímido, não o trate como doente, não o trate como se tratasse uma criança, não se passe por ridículo.

Obrigado.

{ C r í t i c a } O Retrato de Dorian Gray

Faz tempo que não posto nada sobre filmes aqui e achei que essa seria uma oportunidade interessante. Há tempos não assisto um filme novo mim e esse final de semana tomei coragem para baixar ver qualquer um desses que estou querendo ver a tempos. E baixei vi.

O Retrato de Dorian Gray foi um dos motivos que me levaram a ler o livro de mesmo nome. Mas o engraçado é que eu li o livro e depois fiquei esperando o filme estrear. Nunca o vi na grade dos cinemas aqui de Recife e então resolvi parar de esperar. Confesso que tinha uma boa expectativa para o filme, mas talvez (mais uma vez) eu tenha batido com a cara no muro. Talvez seja hora de começar a não criar expectativas para as coisas.

O filme começa já com um assassinato e depois volta no tempo, um ano para ser mais exato, quando o menino Dorian Gray volta para a antiga casa do avô, que faleceu recentemente. Essa antecipação me pareceu um pedido aos desavisados, algum pedido do tipo: “Esperem, o filme pode ser chato e monótono, mas tem um assassinato depois disso tudo”. E assim começa a história. Sei que é uma adaptação e, como adaptação, não segue a risca os acontecimentos e fatos do livro, mas como li o livro tenho as minhas indagações, que talvez sejam desnecessárias.

Basílio Hallward não tem o foco que merece. Ele não é um personagem profundo e não muito interessante para a trama, mas é a fixação que ele sentia por Dorian Gray que faz aquele retrato tão especial. Tão especial que ele não queria que ninguém tivesse o prazer de ver tal obra, mas no filme há uma festa quando Gray pendura a foto em sua parede. Falando no protagonista, o Ben Barnes convence como o personagem egocêntrico. Consegue-se ver claramente as emoções na face clara do rapaz, desde a raiva, a alegria e o medo. O mesmo não posso dizer do Colin Firth, que faz um personagem sem emoções, mantendo a mesma expressão quando está celebrando alguma coisa e quando grita com o personagem do Ben Barnes.

O excesso de cenas de sexo também incomodou um pouco. Não que sexo incomode, mas foi como se não tivesse nada mais o que colocar e então pensaram: “Coloca uma cena de sexo, sexo vende”, ou qualquer coisa desse tipo. O roteiro deixa a desejar em muitas coisas. Os cortes em alguns momentos que deveriam esclarecer algumas coisas acabam por confundir. Como na cena em que Dorian volta para a casa e entra no quarto em que muitas vezes foi espancado pelo avô, há tantos vai-e-vem entre presente e passado que você acaba por se perder. Tudo o que me vem na cabeça, no entanto, são detalhes do livro que não deveriam ter sido modificados ou simplesmente ignorados. Citarei dois.

Primeiro vem a morte de Sybil Vane (Rachel Hurd-Wood), moça por quem Dorian se encanta. Uma atriz de um teatro pouco visitado que interpreta vários papeis de romances shakespearianos. Ela se mata no camarim, pendurada por um corda e não afogada no rio. O outro detalhe que está ligado à morte é que Sybil não sabia o nome de Dorian Gray e o chamava por um apelido carinhoso, o que na trama tem uma importância para o não ligamento dele com a morte dela. No livro, as pessoas não sabem quem ela é e nem que eles se conhecem e vão se casar.

No mais, é isso. Foi, deu.

Olhar

Lá vem a menina com seu jeito faceiro e olhar distraído.
Lá vem a menina, maquiagem no rosto e uma longa lista de amigos. Exala um cheiro doce de rosa e enche o ambiente com sua risada gostosa de mostrar os dentes bem cuidados.
Passa a menina, mas ela nem me olha. Não sabe Nemo meu nome, não percebe nem que a olho. Quem dera, meu Deus, ser um dia ao menos olhado por aqueles olhos castanhos claros.
Passou a menina, foi embora. Tudo o que ficou foi seu perfume que guardo na memória imaginando um dia ter eu a minha vitória. Ah menina, se tu olhasses para mim. Ah menina, floresceria meu jardim.

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