{ C r í t i c a } O Retrato de Dorian Gray

Faz tempo que não posto nada sobre filmes aqui e achei que essa seria uma oportunidade interessante. Há tempos não assisto um filme novo mim e esse final de semana tomei coragem para baixar ver qualquer um desses que estou querendo ver a tempos. E baixei vi.

O Retrato de Dorian Gray foi um dos motivos que me levaram a ler o livro de mesmo nome. Mas o engraçado é que eu li o livro e depois fiquei esperando o filme estrear. Nunca o vi na grade dos cinemas aqui de Recife e então resolvi parar de esperar. Confesso que tinha uma boa expectativa para o filme, mas talvez (mais uma vez) eu tenha batido com a cara no muro. Talvez seja hora de começar a não criar expectativas para as coisas.

O filme começa já com um assassinato e depois volta no tempo, um ano para ser mais exato, quando o menino Dorian Gray volta para a antiga casa do avô, que faleceu recentemente. Essa antecipação me pareceu um pedido aos desavisados, algum pedido do tipo: “Esperem, o filme pode ser chato e monótono, mas tem um assassinato depois disso tudo”. E assim começa a história. Sei que é uma adaptação e, como adaptação, não segue a risca os acontecimentos e fatos do livro, mas como li o livro tenho as minhas indagações, que talvez sejam desnecessárias.

Basílio Hallward não tem o foco que merece. Ele não é um personagem profundo e não muito interessante para a trama, mas é a fixação que ele sentia por Dorian Gray que faz aquele retrato tão especial. Tão especial que ele não queria que ninguém tivesse o prazer de ver tal obra, mas no filme há uma festa quando Gray pendura a foto em sua parede. Falando no protagonista, o Ben Barnes convence como o personagem egocêntrico. Consegue-se ver claramente as emoções na face clara do rapaz, desde a raiva, a alegria e o medo. O mesmo não posso dizer do Colin Firth, que faz um personagem sem emoções, mantendo a mesma expressão quando está celebrando alguma coisa e quando grita com o personagem do Ben Barnes.

O excesso de cenas de sexo também incomodou um pouco. Não que sexo incomode, mas foi como se não tivesse nada mais o que colocar e então pensaram: “Coloca uma cena de sexo, sexo vende”, ou qualquer coisa desse tipo. O roteiro deixa a desejar em muitas coisas. Os cortes em alguns momentos que deveriam esclarecer algumas coisas acabam por confundir. Como na cena em que Dorian volta para a casa e entra no quarto em que muitas vezes foi espancado pelo avô, há tantos vai-e-vem entre presente e passado que você acaba por se perder. Tudo o que me vem na cabeça, no entanto, são detalhes do livro que não deveriam ter sido modificados ou simplesmente ignorados. Citarei dois.

Primeiro vem a morte de Sybil Vane (Rachel Hurd-Wood), moça por quem Dorian se encanta. Uma atriz de um teatro pouco visitado que interpreta vários papeis de romances shakespearianos. Ela se mata no camarim, pendurada por um corda e não afogada no rio. O outro detalhe que está ligado à morte é que Sybil não sabia o nome de Dorian Gray e o chamava por um apelido carinhoso, o que na trama tem uma importância para o não ligamento dele com a morte dela. No livro, as pessoas não sabem quem ela é e nem que eles se conhecem e vão se casar.

No mais, é isso. Foi, deu.

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