O Novo Compartimento do Cesto

Quem me conhece sabe que o Cesto de Lixo é o meu xodó. Mesmo que ninguém leia, que ninguém comente ou que nada aconteça com ele, faço questão de deixá-lo bonito e arrumado para mim mesmo - ainda tenho a ilusão de que mais de duas pessoas o lêem. Até porque, como blog pessoal, pessoas não devem ser muito interessadas na minha vida pacata e sem graça.

Enfim, pensando nisso, ou não, criei um Tumblr como uma subpágina desse CdL aqui para postar mais a parte de mídia (música, vídeos e imagens). Aqui eu vou deixar apenas os textos e as reflexões mesmo e lá vou postar mais vezes por viver olhando coisas novas e querendo dividir com vocês. Ao final de cada mês, semana ou quando me der vontade, posto os links mais interessantes, na minha opinião, para vocês avaliarem.

O link do meu Tumblr é esse: Cesto de Lixo Tumblr.

Espero que curtam...

O Que Eu Deixei Para Trás

Paro para analisar o meu rastro, o que estou deixando para trás, que impressão deixei pelos lugares que passei, será que ainda lembram-se do tempo que eu passei por lá? Olhei para trás, não como um saudosista, mas como um pesquisador curioso numa tentativa de um estudo impessoal. Encontrei sorrisos, alegrias, raivas, relações, paixões, desilusões. Senti orgulho, felicidade, tristeza e pena de mim mesmo. Achei-me ridículo, me achei bonito, me achei inteligente, me achei feio, me achei esnobe, me achei arrogante. Me vi de várias maneiras e de várias formas, me conheci um pouco mais e descobri que não sou nem pior nem melhor que ninguém, apenas sou eu.

Analisei os sorrisos, os momentos felizes. As pessoas com quem eu estava me faziam sentir aquilo, mesmo que eu parecesse alheio a tudo o que acontecia, mesmo que eu não falasse muito ou quase nada. As pessoas me fazem rir (não num mal sentido) quando realmente importam para mim, quando me fazem sentir aceito como eu sou, quando se importam, ou parecem se importar, com meu ponto de vista, de como eu encaro certas atitudes e, principalmente, o respeitam. Respeito para mim é fundamental numa relação. Sim, descobri que respeito é fundamental nas minhas atitudes, tento respeitar ao máximo a opinião das pessoas e me irrito quando não vejo reciprocidade. E não me irrito fácil, entretanto. Descobri-me um ser complexo, muito mais do que já tinham me dito. Sou inconstante, estranho, único. O que é bom, ganho destaque, e é ruim, a maioria das pessoas podem não gostar e me afastam do convívio social.

Sou (quase sempre) a última opção de companhia para algumas pessoas, mas também estou entre as cinco companhias mais desejadas da lista de mais algumas. Meu mundo se confunde entre real e virtual e, por mais estranho que pareça, tenho muito AMIGOS nessa rede louca que chamamos de internet. Amigos para quem conto meus problemas, que me ajudam com minhas dúvidas, que compartilham os mesmos gostos (ou não), que me rotulam, que me dão apelidos comestíveis. Participo de redes sociais, jogos de RPG e exponho toda a minha vida pouco interessante para quem quiser ver.

Choro. Sim, eu choro. Mesmo que não seja um choro em que lágrimas caiam pelo meu rosto até despencarem numa queda livre em direção ao chão, é um choro. A timidez é total inimiga de expressar os sentimentos, com ela quanto menos você demonstrar melhor. Paixões mal resolvidas, amores impossíveis. Me apaixonei pela pessoa errada mais de uma vez, não tive nem a chance de falar “eu te amo”, não tive coragem de falar. Não queria ser o motivo para o fim da relação tão bem resolvida de outrem, também não quero que o outra pessoa saiba que a quero quando ela não pode ser minha. E então eu choro o choro invisível dos solitários. Desisto do amor, jogo tudo para um canto do quarto e vou a luta vestindo uma armadura contra o sentimento.

Poucos amigos, alguns sorrisos e muitas tristezas, é assim a análise final do meu caminha até aqui. Coloco tudo na balança, e percebe que não é quantidade que tem importância nessa vida, mas sim a qualidade. Poucos amigos pesam mais que um milhão de tristeza e até muito mais que um milhão de conhecidos. Alguns sorrisos valem muito, mas muito mais, que todo e qualquer problema ou desilusão. Sigo em frente com a certeza de que não quero milhões de amigos, não quero apenas alegrias, mas quero momentos que façam valer a pena cada momento vivido.

Por Onde Some o Preconceito

O preconceito está morrendo”. Essa é uma frase que a gente escuta muito por ai na televisão, na internet e em outros os meios de comunicação (não necessariamente com essas palavras), mas eu me pergunto: está mesmo? Quem está morrendo é o preconceito ou as pessoas preconceituosas? De onde nasce o preconceito? O QUE É O PRÉ-CONCEITO? Não entendeu, eu explico o meu ponto de vista, que como ponto de vista, não tem nenhum embasamento histórico nem científico.

Preconceito é, como se deduz, uma conclusão precipitada sobre o caráter e personalidade de uma pessoa em particular ou de um grupo delas. Creio que não preciso aqui me aprofundar muito sobre tipos e consequências do preconceito porque nós, seres pensantes e livres desse mal (ou não), sabemos exatamente todos esses detalhes. A questão é, de onde nasce o preconceito? É inato ou se desenvolve dentro da gente? Sendo produto de experiências passadas, que tipo de comportamentos dos pais ou círculo de convívio fazem com que “nasça” esse sentimento?

É aqui que começa a minha teoria, por que das duas uma: ou a gente é ou se torna preconceituoso. Na psicologia administrativa (olha, o meu curso tá servindo de alguma coisa) há o que é chamado de personalidade primária. Personalidade primária é um conjunto de características do ser humano que são adquiridas durante a primeira infância e que dificilmente são mudadas no decorrer da vida até a morte do indivíduo. Isso seria o que eu chamo de se tornar preconceituoso. Porém, se a pessoa simplesmente é, ela já nasce com essa característica e fica com ela para o resto da vida, pois também é muito, ou quase impossível, modificá-la. Sendo difícil, de qualquer uma das origens modificar o preconceito eu me pergunto se ele está mesmo morrendo e me acho no direito de eu mesmo me responder: não, ele não morre.

Pensem comigo. Antigamente, na época dos imperadores, homossexualismo era natural. Sim, em épocas remotas as mulheres eram vistas apenas como o caminho para a proliferação da espécie, literalmente usadas com fins reprodutivos apenas. Sexo por diversão, para o simples ato de relaxamento fazia-se com outro homem e assim seguia a humanidade. Não falo na idade da pedra, mas sim na época dos imperadores. Então o que fez com que homens se tornassem preconceituosos assim como as mulheres também. Eu digo que foi a igreja, pelo pouco de história que sei, me parece muito coisa dessa instituição. Então imaginem: a igreja chega com toda a história do criacionismo, jardim do Éden, Adão, Eva e zaz. Preconceito. Não estou dizendo aqui se sou contra ou a favor disso ou daquilo, até porque se fosse falar da igreja teria que ser em outro texto. Enfim, quando chega a igreja o cristianismo acaba tomando conta do mundo, principalmente da América (porque, como todos sabem, a maioria da Europa é protestante) e o sentimento de fobia à homossexualidade, como sendo do não agrado de Deus. O fato é que a igreja hoje perde cada vez mais seguidores e se vê num impasse entre a manutenção dos seus preconceitos e a adaptação ao novo mundo.

O ponto que se deve levar do parágrafo anterior é por onde penetrou o germe do preconceito, esse ser que contaminou tão rapidamente a comunidade mundial. Hoje temos lutas contra o preconceito, paradas de orgulho gay que atraem homossexuais (e simpatizantes) de todos os lugares e vários outros movimentos de campanha para o não preconceito contra os homossexuais. Não tiro o mérito da luta dessas pessoas, porque, sim, elas têm um grande mérito na produção da nova geração, mas o fim do preconceito está com o tempo. Sim, esse tal tempo que a gente daria tudo para poder controlá-lo.

Em escala mundial eu acredito sim que o preconceito está sendo vencido, mas em escala individual eu já não acredito tanto. Como eu disse no começo, ou a gente é ou se torna preconceituoso, ambas as características estão em áreas da personalidade que são dificilmente modificadas ao longo da vida. O que o tempo tem a ver com isso? As pessoas morrem e com elas morrem os seus preconceitos e as suas fobias, no lugar dela ficam outras pessoas mais jovens, que envelhecerão e que um dia será a grande massa idosa do planeta. Captou? Não? Vamos lá. Eu tenho um avô, um pai e um filho. O avô, com os seus oitenta e tantos anos, não suporta nem falar sobre homossexualismo. O pai, não concorda, mas diz que aceita a opção sexualmente diferente das outras pessoas. O filho, guri com seus quatorze/quinze anos aceita numa boa, não tem nenhum preconceito e conhece vários gays. Acontece que há vários avôs desse tipo, vários pais desse tipo e vários guris desse tipo. Os avôs morrem e os pais tomam o lugar dos avôs e os guris se tornam pais. A sociedade, conseqüentemente, fica um pouco menos preconceituosa. Os pais, agora avôs, morrem e os guris, agora pais, viram avôs e a sociedade passa a uma situação de não preconceito aparente. O que quero mostrar aqui é que o preconceito em escala pessoal não pode ser retirado enquanto ainda estiver viva, o que acontece é um processo evolutivo natural da sociedade com o falecimento do preconceito junto com os seus donos.

Se você prestou bem atenção, há uma contradição na minha teoria e eu admito. Se podemos nos tornar preconceituoso por conta dos nossos pais, avós e afins, por que no meu exemplo pessoas da mesma família vão perdendo o preconceito mesmo estando no companhia das outras? A personalidade das pessoas não é totalmente formada pela família e sim pela sociedade em que estamos inseridos, a escola, os amigos, os vizinhos. Todo o convívio na primeira infância por mínimo que seja influencia na personalidade de cada indivíduo da sociedade.

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