Dev Patel, Pouco Dinheiro e um Excelente Filme

Dirigido por Danny Boyle (Sunshine), o filme se passa numa favela de Mumbai. Jamal Malik, interpretado por Dev Patel (Skins), se vê órfão ainda jovem ao lado do irmão Salim, interpretado por Madhur Mittal. Jamal se inscreve em um programa chamado “Quem Quer Ser Um Milionário” (Who Wants To Be A Millionaire) e após se dar tão bem no programa é preso e interrogado sob denuncia de trapaça, onde também é torturado.

O grande lance do filme começa no momento em que Jamal começa a testemunhar para o delegado como sabia todas aquelas respostas para as perguntas que foram feitas no programa, começam daí flashbacks da sua vida, de tudo o que ele sofreu e tudo que ele passou ao lado de Latika, Freida Pinto, o do irmão, Salim. Todas as vezes que foi deixado para trás, que foi enganado ou ajudado pelas pessoas. O filme mostra como podemos aprender com a vida, como devemos prestar atenção em cada detalhe das coisas que estão ao nosso redor e não apenas nos limitar ao conceito de conhecimento ligado ao que estudamos na escola ou em lugares especializados. Mostra que podemos nos tornar vencedores quando sabemos aproveitar a vida.

O ritmo que tem o filme de Danny Boyle também ajuda a nos introduzir na história do menino Jamal desde que este era ainda uma criança, nos envolvemos tanto (e até nos identificamos, por que não?) que chegamos a nos pegar vibrando quando ele acerta a última pergunta ou quando ele consegue, enfim, o beijo da amada. É isso que procuro num filme, a princípio. Envolvimento. Gosto de filmes que me levem para a história, filmes com os quais me identifico de alguma maneira ou que crio laços afetivos momentâneos com alguns personagens daquele longa-metragem e é exatamente isso que me ocorreu com Quem Quer Ser Um Milionário. Nem preciso falar da fotografia nem da trilha sonora, músicas com esse clima árabe têm uma magia que a gente não explica e que sempre nos embala a mexer o corpo mesmo que estejamos sentados numa poltrona de cinema - o que não foi o meu caso, infelizmente (sobre a cadeira do cinema). Não me arrependo nenhum minuto que deixei o computador ligado durante toda a madrugada baixando o filme depois que pude ver essa obra merecedora de todos os prêmios recebidos.

Se eu for falar da atuação do Dev Patel vou parecer bastante suspeito. O Dev trabalhou numa série britânica pela qual eu sou super fã e lá ele já fazia um ótimo trabalho como um muçulmano que vivia na Inglaterra. Como Jamal, mais uma vez, ele convence na atuação e é parte da magia do filme junto com a Latika, claro /baba.


Nesse clima de cinema ainda, indico para vocês um filme que eu, particularmente, estou muito ansioso para assistir, mas acho que ainda não estreou por aqui. Apenas o Fim, um filme de um universitário brasileiro de 20 anos que ganhou vários prêmios de cinema nacional e internacional. Procurei em vários sites para baixar, mas não encontrei, procurei indícios de estréia aqui por Recife, mas também não encontrei. Mesmo assim estou indicando porque pelo trailer parece muito bom, muito bom mesmo.

Apenas o Fim (Apenas o Fim, 2009)
Gênero: Comédia Dramática
Duração: 80 min
Origem: Brasil
Estúdio: Filmes da Estação
Direção: Matheus Souza
Roteiro: Matheus Souza
Produção: Mariza Leão, Júlia Ramil



Sinopse: "Apenas o Fim" é fruto de um projeto de alunos do curso de cinema da PUC-Rio. Com o roteiro de Matheus Souza, de apenas 20 anos, os estudantes se uniram para fazer o primeiro longa-metragem da universidade. O projeto é de baixo orçamento e contou com o apoio do Departamento de Comunicação Social da faculdade. O filme foi inteiramente gravado em HD (alta definição). O roteiro traça um retrato da geração crescida nos anos 90, bombardeada por influências da cultura pop e avanços tecnológicos. É um longa com temática jovem, executado por jovens e representado por atores da nova geração do teatro e do cinema. O longa tem recebido elogios e premiações por onde passa: ganhou os prêmios de Melhor Filme do Júri Popular, Menção Honrosa do Júri Oficial no Festival do Rio 2008 e o Prêmio de Melhor Filme do Júri Popular na 32ª Mostra de São Paulo. Apenas o fim também foi selecionado para diversos festivais internacionais: Off Câmera, em Krakow, Polônia, Festival Internacional de Rotterdam (IFFR) - na Competição Ibero-Americana do Festival Internacional de Miami, Festival de Cinema Brasileiro em Paris, França, e na Premiere Brazil, no MoMA, em Nova York.


Controle Remoto

Eles tentam me controlar. Querem saber da minha vida e me perguntam como estou. Se quiser saber, para eles estou sempre muito bem, obrigado. Mesmo que não esteja, porque sei de independente disto sempre irão me difamar pelas minhas costas, quando eu levantar da mesa do almoço ou do jantar. Sussurram entre si, ou sozinhos, não podem deixar que eu os escute, não, não é moralmente correto falar pelas costas. Mas falam. E eu escuto, da cozinha, da sala de jantar, do meu quarto. Escuto vozes e elas me condenam. Condenam-me pelo o que eu não fiz, condenam-me por eu falar o que realmente penso, condenam-me por não querer ser o modelo socialmente aceito de humano alienados, como são. Vigiam-me na sala, em sua cadeira de balanço confortável, olhando-me pelo canto do olho para que eu não possa perceber e nem percebo mesmo. A televisão me parece mais interessante do que a futilidade a que eles se prendem, a que eles defendem. Engulo tudo, digerindo cada sílaba pronunciada pelas bocas venenosas daqueles que vivem de aparência, daqueles que querem apenas agradar ou se afirmar com alguma brincadeira machista desrespeitosa. Destruo cada uma delas, as sílabas, e as elimino junto com os resíduos sólidos que entram pela minha boca e se misturam às palavras no meu âmago. Eles nunca vão me controlar.

"Você que nem me ouve até o fim, injustamente julga por prazer.
Cuidado quando for falar de mim e não desonre o meu nome.
Será que eu já posso enlouquecer? Ou devo apenas sorrir?
Não sei mais o que eu tenho que fazer pra você admitir que você me adora,
Que me acha foda. Não espere eu ir embora pra perceber que você me adora,
Que me acha foda. Não espere eu ir embora pra perceber.
Perceba que não tem como saber, são só os seus palpites na sua mão.
Sou mais do que o seu olho pode ver, então não desonre o meu nome.
Não importa se eu não sou o que você quer. Não é minha culpa a sua projeção.
Aceito a apatia, se vier, mas não desonre o meu nome"

Declaração Precoce

Era você que estava ali, quando eu mais precisei. Era você que estava ali, quando eu menos precisei. É você que some quando preciso ficar sozinho e que aparece na hora em que mais preciso de alguém para conversar. Não importa o dia a hora ou o local, não importa quando tempo tenhamos ficados separados, sem nos ver ou nos falar. Sempre que nos encontramos parece que não nos vemos a milhares de anos, mesmo que ontem eu tenha te encontrado e que tenhamos gastado todos os nossos assuntos, todas as nossas fofocas. Posso ser eu, sem me importar muito com o que vais pensar, não preciso de argumentos fortes ou bem elaborados para uma conversa divertida, só preciso de alguns xingamentos (às vezes os mais chulos e que nos fazem rir depois) para discutir assuntos fúteis durante uma tarde na orla da praia, olhando o mar e sentindo o vento bater. Alguns podem pensar que isso é uma declaração de amor, dentre tantas outras que quase nunca costumo fazer. E pode ser. Ou pode ser uma nota de reconhecimento por todos os momentos bons e ruins que passamos juntos... Amigo.

Oceano

A minha impressão é de estar só de passagem, sem a tal missão aqui nesse planeta. Ando sem rumo, falo coisas inúteis e sem conteúdo. Não me ligo a ninguém, não tenho amigos, não tenho melhores amigos, apenas conhecidos. Marco, comigo mesmo, de ir ao cinema, pegar uma praia, caminhar pela orla e nem comigo mesmo consigo ter uma conversa produtiva. Quem eu sou? Questiono-me, numa tragédia shakespeariana moderna onde o ser e o não ser lutam num Hamlet cheio de parafernália tecnológica, com headphones, um iPod no bolso e um celular em outro. Ando com os pés na areia, um contato com a natureza. Olho ao redor procurando alguém conhecido, mas nem ME conheço, como vou conhecer outrem? Entro no mar, as ondas molhando a minha roupa, os meus pés, a minha perna, meu corpo. Fujo, me escondo, mergulho. Silêncio. Nada diferente do que era lá fora.

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