Estou criando paredes. Paredes ao meu redor.
Estou te avisando que as estou criando ao meu redor.
Não é que eu queira me isolar, apesar de talvez acontecer em
um momento próximo ou distante.
Não é que eu goste de ser solitário, mas sempre fui meio
distante.
Odeio falar sobre mim, sobre qualquer lado da vida.
Nunca tive jeito de contar minha história.
Nunca achei meus problemas ou vitórias interessantes o
suficiente para animar uma conversa.
Nunca fui de tornar manchete meus atos, talvez daí venha a
minha fama de não fazer nada.
Um grande preguiçoso.
Mas dessa vez estou construindo paredes no meu castelo.
Meu castelo tem uma varanda ótima, daqui de cima vejo todos
os teus passos, mas não me leve a mal.
Armei distância para num momento próximo, ou distante, não
sofrer inevitavelmente.
Percebi um pouco tarde o que todo mundo já tentava me dizer.
A gente morre sozinho.
Mas não só morre. Vive.
Já me amo/aceito mais que antes (obrigado, terapia!) e agora
consigo entender que estar só não é o problema. Todos estamos.
O problema é estar perdido. E me achei.
Icei as velas e agora vou velejar pelos mares mais revoltos,
mas não quero nenhuma ilha, nenhum porto.
Talvez eu ache uma garrafa com um bilhete dentro que diga:
“Sinto a tua falta”. E fingirei que é teu para mim, mesmo
não sendo.
Mas é tarde e a corrente muito forte. Largo um sorriso bobo
e volto ao leme.
Em frente.
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