Crise na Geração Y - Parte I


Esses são dias estranhos. Para mim, bem estranhos.
Sempre me senti bem, sozinho. Na minha casa, com o meu computador.
Esses são dias estranhos, já disse.
Já não quero mais a companhia de máquinas.
Quero ver carne e osso.
Quero ver sangue pulsando.
Quero sentir calor humano.

Esses são dias estranhos. Para bem, me estranho.
Sempre me senti bem sozinho. Sem vírgula. Sozinho.
Esses são dias estranhos”, te disse.
Já não quero mais este gosto amargo.
Quero abraços apertados.
Abraços demorados.
Quero dedos entrelaçados.
Quero tempo parado.

Estes são dias que me estranho. Para mim, só estranhos.
Sempre me senti bem estranho. Na minha casa, com o meu televisor.
Esses dias são estranhos”, me disse.
Já não quero teu tom de cinza sombrio.
Quero roda de amigos.
Quero conversas sem sentido.
Quero beber e ser bebido.
Quero tragar o teu alívio.

Estes são dias estranhos. Para bem, me entranho.
Sempre me senti bem comigo. A minha casa não é mais abrigo.
Estes são dias estranhos, já disse.
Já não quero mais independência.
Quero mãos unidas.
Quero corpos nus.
Quero dançar até tarde.
Quero rotinas quebradas.
Quero me sentir lembrado.

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