Faz Tempo Que Não Te Vejo...

Faz tempo que não te vejo caminhando lentamente, observando os detalhes, agindo como um turista visitando a cidade. Admirando cada detalhe das construções antigas às mais modernas. Faz tempo que não compartilhamos momentos do nosso dia juntos depois de vários que ficaram apenas na memória. Hoje nem seu telefone anotado num pedaço de folha de caderno guardado no fundo da mochila eu tenho mais. Faz tempo que você deixou de sonhar aqueles sonhos que me confidenciava enquanto estávamos sentados no chão do colégio na hora do intervalo com todos os outros correndo pela quadra ou descendo no escorrego. “Não estou mais na idade para isso”, você poderia me falar. E eu te responderia que não há idade para sonhar, não há idade para sentar no chão e nem idade para compartilhar sonhos com os amigos. Dir-te-ia que ainda sonho em achar amigos que não se sintam velhos para sentar no chão enquanto os outros correm em seus carros importados procurando o negócio da vida deles, aquele que vai lhes deixar ricos. Ricos, sozinhos, sem sonhos, sem amigos – os verdadeiros, pelo menos. Aquela amizade que a gente acreditou que duraria para sempre e que agora não passa mais do que lembranças boas que colocam sorrisos nos meus lábios enquanto, sozinho, lembro sentado numa cadeira de escritório onde me sinto deslocado, sem amigos não importe quantas pessoas estejam ao meu redor. Pessoas não são substituíveis, você não será substituída e deixará vazia a sua vaga na minha vida. Uma parte faltando do meu quebra-cabeça.

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