Dia de Pescaria
Brilhava sob a água iluminada pelo crepúsculo, mas não se via. Não se via o seu brilho, estava coberto pela morte esperando que outro ser com vida agarrasse a morte como abocanha um pedaço suculento de comida depois de dias em jejum. Balançava, não ao vento, mas às ondas que não paravam para torná-lo um alvo mais fácil. Mas não precisava, mesmo balançando se tornou um alvo, fincou-se na vida e alertou ao mestre que tinha pego mais um besta. Daí travou-se uma luta pela vida, pela morte, pela vida, pela morte. Agonia. Falta de oxigênio. Nada parecia ser suficiente. Queria água, queria onda, queria voltar para casa. Lutava, se debatia enquanto
tentavam lhe tirar o objeto brilhante. Caiu. Caiu na areia fria das dezessete horas enquanto giravam ao seu redor grandes pernas flexíveis e que falavam coisas que ele não entendia. Se entregou, já podia ver a luz no fim do túnel, respirava pesado e já não conseguia mais oxigênio suficiente. Seus olhos arregalados pediam socorro, mas ninguém os notava. Clamava por pena. Estava indo junto com a morte, não enxergava mais nada. Desejava voltar... Então sentiu, sentiu a água bater-lhe no corpo novamente, uma energia boa passando pelo seu corpo e respirou. Tudo voltou ao normal. As pernas iam embora e mais um dia de pesca havia acabado, improdutivo. Finalmente.
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