E EU, Vou Fazer Greve de Que?



Se hoje se encontram em uma situação relativamente controlada, os movimentos grevistas em anos passados se configuravam como modinha entre os servidores públicos em seus diferentes âmbitos municipais, estaduais ou federais. Com a proposta de greve que ameaçava o andamento dos diversos alunos das universidades federais no Brasil o assunto na poderia deixar de entrar na pauta do almoço/jantar de qualquer família bem informada. Em uma conversa com a minha avó no jantar o assunto nasceu como um cocô de pombo que cai no seu ombro enquanto você caminha com a sua melhor roupa pela rua:
- A Federal vai entrar em greve?
- Quinta-feira eles vão fazer uma paralização e vão decidir pelo sim ou pelo não.
- Nós, aposentados, não temos aumentos no benefício faz mais de vinte anos...
- Faz greve, ué.
- E eu vou fazer greve de que?


E eu, vou fazer greve de que?”, e essa frase me pegou desprevenido (sem comparações com pombos desta vez) e me fez pensar sobre. É claro que a conversa tomou um rumo humorístico da minha parte, não sei tratar assuntos sérios com a seriedade que eles merecem. Entretanto, a uma conclusão eu cheguei: eu, você, todos os cidadãos sem cargo público e que podem ser demitidos a qualquer momento por cometer um erro ou só porque o chefe não vai com a sua cara não podemos fazer greve.

E vamos entender greve não como paralização de serviço, isso também, mas greve é, acima de tudo, um meio de reivindicar seus direitos e chamar a atenção do poder público e falar: ei, eu não estou satisfeito com isso. Se você fizer greve no seu trabalho (privado), antes de voltar será demitido. Se eu fizer greve de fome, a única coisa que vai aparecer são meus ossos. Não virão jornalistas, autoridades públicas e não mudarei o rumo da história do meu país. Eu vou morrer de fome e ninguém fará nada. De algum modo somos obrigados a nos contentar com o que temos e a pensar que poderia ser pior, que poderiam não existir ruas no lugar daquelas ruas sujas. Que eu poderia não ter emprego ao invés de ganhar um salário mínimo para trabalhar 10h diárias nos sete dias da semana. E ai você reclama e o que o gestor te fala? “Está achando ruim? Pode ir embora. Tem mais 20 na lista para ocupar o seu lugar” (acredite, de uma pessoa que faz administração, ele aprende isso na graduação só que com nomes técnicos).

Mas você, como ser pensante que eu sei que você é, rebate: mas nós podemos fazer protestos e passeatas. E eu vou ser bem sincero: vejo pessoas fazendo protestos contra aumento das passagens de ônibus, as passagens não abaixam por isso. Vejo estudantes fechando ruas contra os absurdos erros no processo do ENEM, nada foi feito para mudar isso. Vejo inúmeros protestos que não dão resultado nenhum além de cheiro de pneu queimado, carburador furado e coração dilacerado (eu tinha que fazer isso HAHAHAHA).

A lição que fica é que o cidadão deve dar graças a Deus aos serviços que são prestados porcamente porque tudo poderia ser pior.

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