Muita Vontade e Pouca Coragem

Tenho tido pensamentos estranhos. Estranhos não num mau sentido, se é que existe um mau sentido para isso. Mas pensamentos que nunca me ocorreram antes. É uma coragem que surge do nada, uma vontade de fazer coisas que sei que nunca vou fazer, vontade de fugir para longe num intercâmbio sem fim, vontade de não ter responsabilidades de adulto para o resto da minha vida. Coisas que para acontecer precisariam que eu reunisse toda a minha coragem, aquela coragem que eu nunca tive, não tenho e não sei exatamente se vou ter. A vontade de hoje é fazer intercâmbio. Ir pra qualquer país que não fale o português, conhecer pessoas novas, conhecer países novos, ver como realmente é um país civilizado.

Sempre tive algumas vontades assim, que nunca tive coragem de fazer, sabe? Como pular de bumgee jump. Nossa, isso me tiraria uma vontade imensa que tenho de... Bem, deixa pra lá. Estive pensando muito sobre algumas coisas e percebi que é isso que me falta, coragem. Ou falta de vergonha. Tenho consciência de que a vergonha me faz perder muitos momentos que seriam inesquecíveis para mim, mas às vezes acho que não são para mim. Quem me conhece sabe que nunca me achei merecedor de muita coisa e talvez não seja. Se tem uma coisa que eu admiro numa pessoa é a força de vontade de correr atrás dos sonhos que ela tem, seja ele qual for, e se tem uma coisa que ou quase nunca faço, ou nunca mesmo, é correr atrás dos meus. Sei que não é bom, mas é assim que eu faço. Entrei na faculdade não como um sonho meu, mas como uma condição imposta por uma coisa bem maior que meus sonhos, a sociedade. Como vivo falando, tentando mostrar alguma coisa, a alguém. Alguma coisa que eu não sei o que é, alguma coisa que talvez eu nunca consiga dar, para alguém que eu não conheço e que eu nunca vou conhecer. Meu sonho é poder criar coisas novas, poder viver da criatividade, de inovações, de novidades, das cores. O mundo é muito preto, branco e cinza enquanto eu prefiro as cores.

Reflexão de Ônibus

Sabe, faz um tempo que eu me sinto mudado. Não tanto quanto gostaria, mas pelo menos convenço de que sou capaz de mudar. Uma grande massagem no meu ego derrotado. Alguns até notaram, outros não. Ou notaram, mas não me falaram. O que me pergunto é o que eu sempre tinha escutado das pessoas quando elas falavam que eu deveria mudar: que se eu mudasse tudo à minha volta pareceria mudar junto. Pois bem, mudei. E onde está a mudança do mundo? Qual a diferença entre o meu hoje e o meu ontem? Não sei. É a resposta. Ou talvez “nenhuma” seja a palavra certa. Continuo sendo o menino sozinho na sala de aula, continuo indo ao cinema comigo mesmo, meu telefone continua sem tocar, meu único programa de final de semana é junto com o computador, continuo sem ter para quem contar meus segredos mais profundos com medo de ser julgado. Então eu pergunto: mudei, e daí? Continuo levando patadas da vida, a diferença é que agora eu talvez esteja batendo de volta e esperando resposta.

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