A vida, em si, funciona em percurso cíclico, repetitivo e, aparentemente, imutável. Todas as fases se repetindo em períodos parecidos de ordem similar. Qualquer tentativa de modificar e tomar controle desta parte da vida exige esforço demais para a tua preguiça diária. Para a tua apatia diária. A vida apenas segue te machucando quando você achou que estava melhorando. O prego, agora martelado, entortou e não possui mais nenhuma utilidade. É deixado de lado pelo próximo mais adequado.
A vida em sociedade, grupo, trio ou casal talvez não se encaixe a todos, ou a poucos. E se o outro se adéqua tanto à sociedade, modifica-se. Modifica-se a ponto de não mais reconheceres naquele que gostas, o que gostas. Expressões faciais, gargalhadas, gestos e afetos se modificam e não tens mais a companhia antes adorada por causa de um comparsa. Percebes que expressões e entonações não são tuas exclusivamente. Quem és tu, camarada? Porque trás dele e nele um lado tão sombrio, um lado tão distinto?
Longe do que almejo, me fecho. Como sempre. Prefiro me proteger ao menor sinal de metamorfose para que as rachaduras não aumentem e para que feriadas não reabram em mim. Tento entender em mim mesmo o outro. O outro sempre em posição de ataque-defesa, me culpa. Mea culpa. Na superfície escura e inundada da minha cama, me deito só. Na esperança de que amanhã eu quebre o casulo e mude para ter a capacidade de ser e exercer a mudança que me pedem. Para ter a capacidade de ser eu e só. Independente. Indiferente.
Afinal, todo mundo muda.
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